Texto por Guilmer Silva
Desde o início dos anos 2000, o metalcore tem sido uma das vertentes mais vibrantes e evolutivas do heavy metal, fundindo a fúria do hardcore com a técnica e a melodia do metal moderno. Poucas bandas encapsulam tão bem essa fusão quanto o Miss May I. Com riffs incendiários, vocais agressivos intercalados por refrães melódicos e letras que transitam entre o íntimo e o universal, a banda de Ohio conquistou o coração de fãs ao redor do mundo e se consolidou como um dos nomes mais respeitados do metalcore contemporâneo.
Neste especial, mergulhamos na trajetória do Miss May I — da cena underground de Troy aos palcos internacionais — destacando os momentos-chave que moldaram a banda e celebrando seu impacto duradouro no cenário do metal.
O INÍCIO: A ORIGEM E O PRIMEIRO IMPACTO (2006–2009)
Fundado em 2006 por um grupo de adolescentes apaixonados por música pesada, o Miss May I surgiu com uma proposta clara: unir brutalidade e melodia em um som que refletisse tanto a energia do hardcore quanto a sofisticação do metal moderno. Inspirados por nomes como Killswitch Engage, As I Lay Dying e Parkway Drive, a formação original — Levi Benton (vocais), Ryan Neff (baixo e vocais limpos), Justin Aufdemkampe e BJ Stead (guitarras), e Jerod Boyd (bateria) — rapidamente começou a compor e se apresentar em pequenos shows locais.
O lançamento de seu primeiro álbum, Apologies Are for the Weak (2009), representou um ponto de virada. Lançado enquanto os membros ainda estavam no ensino médio, o disco chamou atenção por sua intensidade crua e autenticidade. Canções como “Forgive and Forget” e “Architect” logo se tornaram favoritas dos fãs, graças aos breakdowns explosivos e aos vocais limpos que criavam contrastes marcantes. O álbum, lançado pela Rise Records, fez barulho suficiente para posicionar a banda como uma promessa sólida dentro da nova geração do metalcore americano.
Curiosidade: O nome “Miss May I” surgiu como um jogo de palavras com a frase “May I?”, dando à banda uma identidade única e um tom desafiador que refletia sua proposta sonora agressiva.
O AUGE: CONSAGRAÇÃO NO METALCORE (2010–2014)
Com o sucesso do álbum de estreia, o Miss May I voltou ao estúdio e, em 2010, lançou Monument, um disco que representou uma evolução significativa em termos de produção e composição. Músicas como “Relentless Chaos” e “Masses of a Dying Breed” apresentaram uma banda mais coesa, capaz de equilibrar peso e melodia com mais precisão. O álbum recebeu aclamação da crítica especializada e ampliou a base de fãs da banda, abrindo portas para turnês com grupos renomados como Lamb of God, August Burns Red e We Came As Romans.
Em 2012, foi a vez de At Heart, um trabalho mais técnico e introspectivo. A produção de Joey Sturgis contribuiu para um som mais limpo e expansivo, com destaque para faixas como “Hey Mister”, que se tornou um hino emocional para muitos fãs, e “Ballad of a Broken Man”, que trouxe um lado mais melódico e experimental. Nesse período, a banda começou a ser vista não apenas como uma promessa, mas como um pilar do metalcore moderno, mantendo-se relevante em meio a uma cena cada vez mais competitiva.
A TRANSFORMAÇÃO E A MATURIDADE MUSICAL (2015–2020)
Já o álbum Curse of Existence (2022) foi uma síntese de tudo o que a banda havia desenvolvido até então. Com uma produção robusta e letras que abordavam temas como trauma, fé, medo e renovação, o trabalho consolidou o Miss May I como uma banda que não apenas sobreviveu à onda inicial do metalcore, mas que conseguiu evoluir com ela.
O lançamento de Deathless em 2015 marcou um novo capítulo na sonoridade da banda. Com uma abordagem mais madura, o álbum mesclava a agressividade característica do grupo com influências mais melódicas e até sinfônicas em algumas faixas. Músicas como “I.H.E.” (abreviação de “I Hate Everything”) e “Arise” mostraram um Miss May I introspectivo e emocionalmente intenso, lidando com temas de frustração, superação e identidade.
Dois anos depois, em 2017, veio Shadows Inside, um disco que reafirmou a versatilidade do grupo. Produzido por Drew Fulk, o álbum flertava com elementos de death metal melódico e rock alternativo, mas sem abandonar as raízes do metalcore. O trabalho foi bem recebido por sua honestidade lírica e por explorar a dualidade entre escuridão e luz — tanto musical quanto conceitualmente.
Mudanças na formação, contrato com a Solid State e o 15º aniversário de Apologies Are for the Weak (2024–presente)
Em 31 de maio de 2024, a banda anunciou as saídas dos guitarristas B.J. Stead e Justin Aufdemkampe. Eles foram substituídos por Elisha Mullins.
Em 11 de julho de 2024, a banda assinou contrato com a Solid State Records. Em seguida, anunciaram uma regravação completa em comemoração aos 15 anos de seu álbum de estreia Apologies Are for the Weak, lançado no outono. O anúncio veio acompanhado da nova versão de “Forgive and Forget”, com participação de integrantes da banda Fit for a King. O álbum também conta com vocais convidados de membros das bandas Silent Planet, Bleeding Through, Carnifex, August Burns Red, The Word Alive, entre outros.
Em 18 de outubro de 2024, Ryan Neff anunciou sua saída do As I Lay Dying após um incidente de abuso doméstico envolvendo o vocalista Tim Lambesis, retornando à sua participação completa no Miss May I.
Em 23 de janeiro de 2025, a banda revelou que estava trabalhando em demos de novo material. Em fevereiro de 2025, foram escolhidos como substitutos do As I Lay Dying no festival Welcome to Rockville, que acontecerá em Daytona Beach, Flórida, em 16 de maio de 2025.
Estilo musical e influências
O estilo musical do Miss May I é descrito como metalcore ou metalcore melódico, misturando elementos do death metal melódico e riffs de thrash metal com hardcore punk. Quase todas as músicas da banda contam com vocais guturais, feitos pelo vocalista Levi Benton, e vocais limpos, feitos pelo baixista Ryan Neff (e anteriormente Josh Gillespie), num estilo comum entre bandas de metalcore melódico.
A banda declarou que suas principais influências são: Metallica, Pantera, Deftones, Unearth, White Zombie, Gojira, As Blood Runs Black, All Shall Perish, As I Lay Dying, Arch Enemy, Killswitch Engage, Lamb of God, Atreyu, Underoath, All That Remains, In Flames, Five Finger Death Punch, Avenged Sevenfold, The Black Dahlia Murder, Thirty Seconds to Mars, Darkest Hour, Bleeding Through, Trivium, Winter Solstice, Bring Me the Horizon, Anti-Flag, Parkway Drive e It Dies Today.
Em uma entrevista para a Guitar World, a banda comentou como suas influências mudaram ao longo dos anos. O guitarrista Justin Aufdemkampe disse que começou tocando blues básico, depois passou para o pop punk tocando covers de Blink-182 e Green Day, e por fim aprendeu guitarra solo ouvindo e copiando os discos de Stevie Ray Vaughan de seu pai. No ensino médio, começou a tocar músicas de Taking Back Sunday, Underoath e Avenged Sevenfold. No entanto, ao ver um show do Atreyu no Warped Tour, seu gosto musical mudou abruptamente. Ele então descobriu bandas como As I Lay Dying, All That Remains e Darkest Hour, e passou a compor músicas rápidas e agressivas.
Segundo o baixista Ryan Neff, suas influências incluem: Unearth, Deftones, Pantera, As I Lay Dying, Darkest Hour, Underoath, As Cities Burn, August Burns Red, the Bled, the Color Morale, Florence and the Machine, Marilyn Manson, A Perfect Circle, Nine Inch Nails, Oceana, Pierce the Veil, PMtoday, Saosin e Tool. Em entrevista à Alternative Press, Ryan disse que sua banda favorita de todos os tempos é White Zombie.
O guitarrista B.J. Stead afirmou:
“Toco guitarra há anos, mas não muito metal. Eu ouvia muito Pink Floyd e rock clássico”. Em uma entrevista à Alternative Press, foi mencionado que a banda favorita de B.J. é o Iron Maiden.
A banda declarou sobre suas influências:
“Basicamente, qualquer banda de metalcore que não tenha teclados e que não seja composta por caras falsos que só tocam instrumentos. Estamos tentando ser o mais old school possível, e isso tem funcionado. Estou feliz com isso.”
Em entrevista à WIDB, Levi falou sobre suas maiores influências musicais:
“As I Lay Dying é definitivamente a maior. Eles realmente moldaram o Miss May I. Gostamos muito de All That Remains, Unearth, Darkest Hour e, recentemente, In Flames. Isso pode soar estranho, mas estamos bem interessados no Five Finger Death Punch. Temos pesquisado muito sobre como eles fazem as coisas, porque a história deles é muito legal. Mas As I Lay Dying e All That Remains são provavelmente as maiores, junto com o Killswitch Engage.”
Levi afirmou que sua “turnê dos sonhos” incluiria Lamb of God, As I Lay Dying, It Dies Today e Atreyu.
Em outra entrevista, Levi Benton disse que tenta fazer músicas inspiradoras, e não músicas raivosas. Nesse processo, usa influências de R&B contemporâneo, como Justin Timberlake, Jamie Foxx e Usher. Ele também admite abertamente que ouve bastante hip hop. Seus artistas favoritos são Dr. Dre, Yelawolf, Savage, Jay Z e Eminem. A banda fez um cover da música “Run This Town” de Jay Z com Kanye West e Rihanna para o álbum Punk Goes Pop 3.
SERVIÇO
Miss May I em São Paulo
Data: 29 de maio de 2025Horário: 19h (abertura das portas)
Local: CityLights SP
Endereço: Rua Padre Garcia Velho, 61, São Paulo
Ingressos:
- R$150,00 (Lote Promocional)
- R$170,00 (1º Lote)
💻 Venda online: https://fastix.com.br/events/miss-may-i-em-sao-paulo
